quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A medida do logo

Patrícia Diguê


Uma telegráfica mensagem um ano e meio depois emergiu os sentimentos há muito enterrados. Saudade, paixão, raiva e tristeza subiram como lava de vulcão. Andou como zumbi naquele dia tentando reconstruir todos aqueles intensos momentos que tanto havia se esforçado para dissipar. Lembrou que aquela tinha sido a última vez em que havia dado uma verdadeira chance para um novo amor. Lembrou que a história teve até trilha sonora e telefonemas na madrugada. Lembrou também que inconsequente e cegamente dirigiu quilômetros em troca de apenas dois dias e duas noites. E ainda que, como nos contos de fadas, não se sentiu cansada nem arrependida. Conseguiu com dificuldade colar os pedacinhos daquele fim de semana em que se sentiu verdadeiramente viva. Também se lembrou da despedida. Nenhuma lágrima ou tristeza. Apenas singelo tchau entre pessoas que logo se verão novamente. Esquecendo que “logo” está entre as mais subjetivas das palavras.

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